20 de fev. de 2011

A VELHICE DE UM CÃO.wmv



Este vídeo encontrei no Youtube, é usado nas campanhas contra o abandono e maus tratos aos animais.
Quero partilhá-lo com vocês, meus amigos de bons corações.
Assistam até o final, vale a pena para a nossa conscientização.

11 de fev. de 2011

Um Homem chamado Zumbi



Nunca saberei tudo, o pouco que conheço, o que aprendi e ensinei vieram dos livros, das linhas bem ou mal traçadas de muitos escritores do Brasil e do mundo.
Páginas amareladas com o tempo, guardadas em capas duras, com letras douradas nas estantes de minha casa.
Parafraseando Caetano Veloso: ‘’eu vi um homem correndo, por entre livros’’. Seus dedos corriam apressados por entre as linhas de Machado de Assis, Clarice Lispector, quadrinhos nos gibis, e até mesmo revistas com propagandas. Cena comum, talvez, se não fosse por um detalhe: seu nome é José Carlos da Silva Bahia Lopes, sua formação não ultrapassou o segundo ano do ensino fundamental, sua profissão atuante é catador de papel no lixão da cidade do Rio de Janeiro. 
Aos longos dos 25 anos de trabalho no lixão, o vulgo Zumbi, juntou e limpou mais de 10 mil títulos.
Sentado com seu filho ele lê histórias ao menino e faz sonhos como montar uma biblioteca para a comunidade.
Sua história é contada no documentário que concorre ao Oscar 2011, ‘’Lixo Extraordinário’’.
O que mais me encantou em suas palavras, em seu ato, foi a sensibilidade de um homem cuja vida nunca foi fácil, sempre tirou mais do que deu a ele, e, ao mesmo tempo, esse homem encontrou forças para continuar, para lutar, para educar seu filho, para sentar no sofá da sala e ler para seu menino, histórias que antes eram tão distantes ao mesmo.
Num mundo em que a desigualdade impera, onde uns têm muito, outros têm pouco, onde uns sentam-se em cadeiras e têm lápis e borracha, outros fazem bolachas de barro molhado para escapar da fome, surge para mim José Carlos da Silva, sonhador, batalhador, brasileiro, pai, homem, ser humano, leitor.
Penso comigo quantos têm a oportunidade de ser como esse homem, das formas mais fáceis que você possa imaginar, para muitos a vida já vem ‘’pronta’’, mas é jogada fora, levada à toa.
Olho para o lado, a TV ligada, no jornal é anunciada mais uma morte por tráfico de drogas. Jovens bem apessoados, algemados, sem valor algum de coisa alguma.
E em seguida, o homem José Carlos da Silva, com os olhos marejados, em meio a caixas de papelão citando frases dos seus autores favoritos.


É surpreendente o quanto a vida pode ser mágica como nas histórias encontradas nos livros. Em cada frase, em cada palavra, em cada ponto.
As ‘’caixinhas de surpresa’’, como os livros são chamados por Zumbi, encheram a alma desse homem de esperança, de que um amanhã virá e será melhor.
Essa é a função do livro, não fazer da pessoa um ser letárgico, ou colocá-la num mundo lúdico e mantê-la lá. A função do livro é trazê-lo para a vida, para que você saiba interpretar o que a mesma espera de você.
O livro nos ajuda, fala, ampara e escuta o que você tem a dizer, basta você estar pronto para doar-se a ele.
Zumbi, o catador, o homem batalhador, o bom pai, o bom filho, já está. E você?

Mariane Boldori




2 de fev. de 2011

Carlos Drummond de Andrade - Mundo Grande

Mundo Grande

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo.
Por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.

Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens.
as diferentes dores dos homens.
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que elo estale.





Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma. Não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! vai’ inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos —— voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de invidíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)


Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.


Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar.
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio


Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.


Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
— Ó vida futura! nós te criaremos

A carta que nunca chegou

    Tarde cinza, vento forte fazia os galhos das árvores dançarem no jardim. Eu precisava finalizar a mudança que começara há dois anos,...