27 de dez. de 2013

... FELIZ, FELIZ, FELIZ 2014!!

2013 nos proporcionou alegrias, tristezas, decepções, surpresas, lágrimas, sorrisos, gargalhadas
Pessoas debruçadas às janelas pedindo às estrelas saúde, paz e um novo amor... Perdemos pessoas queridas, artistas famosos...
Perdemos a fé, recobramos a fé...
Saíamos às ruas vestidos de coragem e lutamos por melhorias em nosso País
Demos presentes, ganhamos presentes
Abraçamos e fomos abraçados
Cantamos no chuveiro, dançamos na sala
Tomamos bons vinhos, assistimos a bons filmes, fizemos guerra de travesseiros
Viramos crianças de novo
Pintamos a casa, jogamos coisas fora, doamos outras
Lemos bons livros, ouvimos boas músicas, assistimos a boas peças 

Torcemos pelo fim das guerras, rezamos pela Paz...
Emocionamo-nos com a visita do Papa, ao Brasil 

Parabenizamos amigos e parentes pelas novas conquistas nos estudos
Assistimos a morte de grandes líderes, e as enchentes que devastaram cidades
Levamos nossos cachorros para passear, penteamos nossos gatos
Indignamo-nos, nas redes sociais com os maus tratos cometidos contra os animais
Fizemos amor, beijamos, demos carinho
Recebemos afeto e sorrisos de desconhecidos
Demos muitos “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”.
Cedemos lugares nos assentos dos ônibus, às pessoas mais velhas, deixamos um estranho passar na nossa frente na fila do mercado, pois ele só tinha uma lata de Nescau 

Agradecemos à moça da padaria, pela escolha do pão mais fresquinho, ajudamos no troco do caixa
Demos sanduíche a quem tinha fome, e atenção àqueles que moram nas ruas e não têm mais esperança num amanhã 



Reunimos a família ao redor da mesa para comemorar o nascimento de Jesus
Talvez os fatos se repitam em 2014, mas, com certeza, dentro de nós, algo diferente nascerá com ele
E esse é um dos melhores segredos da vida...



FELIZ 2014!!


23 de dez. de 2013

O Presente de Natal

A menina apressou o passo para conseguir acompanhar a mãe. Estava com sua mãozinha suada, mas não soltava a da mãe. Ana tinha cinco anos, ela olhou para cima e pareceu-lhe que sua mãe ficara maior do que ela. 
A mãe, no entanto, estava absorta em seus pensamentos, e esqueceu que estava quase arrastando a menina, já sem fôlego para continuar. Percebeu a fadiga dela depois de vários tropeços da pequena. Sentiu-se mal pela atitude agressiva com sua filhinha.
Para compensar sua consciência, levou-a para fazer um lanche. Colocou-a sentadinha em um banquinho e ficou olhando o apetite com que devorava o lanche.
Resolveu então dar um tempo e foram sentar-se no banco da praça, e frente à Igreja Matriz.
Percebeu as luzes da Natal, os arranjos, o presépio no meio da praça. Lembrou que já era quase Natal. Ficou pensando e sentindo nostalgia. Ana estava observando sua mãe há algum tempo, com tão pouca idade, mas já sabia que algo estava errado. Ficou imóvel, pois tinha medo de quebrar o silêncio.
A mãe deixou rolar as lágrimas, as quais tentou esconder.

- Mamãe, você está chorando?
- Não, filha.
- Está sim. Passa o dedinho e consegue segurar uma lágrima...
- Olhe, mamãe, você está chorando sim.

A mãe abraçou a menina num ímpeto de fuga. Escondendo seu rosto no corpinho da filha.
Ficaram por um longo tempo abraçadas. A mãe deu um longo suspiro e observou e olhou para longe, como se estivesse à procura de algo que ficou no seu passado de menina.

- O que aconteceu, mamãe? Você está triste? Fale comigo!

A mãe olhou a pequena e disse:

- Filha, é a saudade de um tempo que não volta mais.
- Conte, mamãe, conte sobre a saudade.
- Sabe filha, quando eu tinha a sua idade, meu pai, seu avô, trabalhava muito, mas o dinheiro não sobrava. Sua avó trabalhava rente para nada nos faltar e não faltava. O clima de Natal me traz muitas recordações. Papai e mamãe me traziam aqui, na época do Natal, havia o Presépio Vivo.
- O que é Presépio Vivo, mamãe?
- É encenado por pessoas vivas, como nós, até o menino Jesus era um bebezinho e chorava muito. Tudo nos fazia sentir paz. Perto da nossa casa, havia muitas crianças e todas recebiam algum presente do Papai Noel. Na esquina morava uma família muito pobre, o pai estava sem trabalhar devido a uma doença, a mãe lavava roupa para fora, mas tinha que fazer o trabalho em sua própria casa, para poder cuidar do marido.
E, ainda, havia o filho de cinco aninhos, ele era um menino especial.
- Por que especial, mãe? Ele era diferente?
- Sim, filha.
- Por que, mãe?
- Ele nasceu com uma doença e nunca andou, nem falou... Era triste vê-lo vê-lo crescendo sem poder ficar sobre as pernas. Ele ficava sempre no chão, sobre um monte de cobertas e panos para não se machucar. Percebia-se que ele sofria..., pois estava sempre com o olhar vazio, parecia querer gritar a sua dor. Todos
no bairro o conheciam como Pedro ou menino aleijado.

A mãe continuou a falar como se estivesse desabafando algo que a torturava. Sabe, Ana, todo Natal me traz lembranças do Pedrinho.

- Por que, mãe? Conte mais, conte!

A mãe continuou, a família e vizinhos trabalharam muito para conseguirem uma cadeira de rodas para ele, mas a cada ano o resultado era negativo. A mãe dele disse que a cada Natal, a família tinha esperanças de que alguém doasse o tão desejado presente: uma cadeira de rodas.
Havia muita gente engajada para conseguir sucesso, mas sempre havia outra prioridade.
Hoje, com a proximidade do Natal, veio-me a lembrança daquele Natal em que eu esperava ganhar uma bicicleta. Foi o meu pedido ao Papai Noel, mais tarde, resolvi escrever outra cartinha pedindo que Papai Noel trocasse a minha bicicleta por uma cadeira de rodas para o Pedro.
A noite de Natal se aproximava, os preparativos eram muitos, minha mãe e avó faziam bolachas pintadas com açúcar colorido, muitos doces e salgados, porém tudo era feito em casa, num grande forno, que ficava do lado de fora da cozinha.

A alegria contagiava a todos, meus primos, todos com a mesma idade, não conseguiam segurar a ansiedade para receber o Papai Noel. Eu estava aflita para que ele lembrasse das cadeira de rodas.
Chegou a noite tão esperada. O Papai Noel entrou pela porta da sala, trazendo um ajudante, pois havia muita coisa a carregar. Olhei para todos os lados e não vi nada parecida com cadeira de rodas.
A minha bicicleta veio, era linda, como eu imaginava. Corri os olhos e perguntei ao Papai Noel:

- Você não recebeu o pedido que fiz para Pedrinho?
- Ah! Sim, recebi. E com a ajuda de muitas pessoas, conseguimos.
- Ah! Papai Noel, conte como foi a entrega, como Pedrinho ficou?

Todos em coro gritaram:

- Conte! Conte! Papai Noel!

O velhinho curvou-se mais, olhou para mim, com os olhos cheios de lágrimas e soluçando me abraçou e disse:

- Ele acabou de ir para junto de Jesus, e lá ele não vai precisar de cadeiras de rodas...

Marli Terezinha Andrucho Boldori




16 de dez. de 2013

Estrela Montenegro do Universo



Ela nasceu Arlette Pinheiro Esteves, o ano era 1929.
Em entrevista ao programa Starte ( Globo News ), revelou que não gosta de ser reconhecida como dama do teatro, diva, mito e outros adjetivos.
Sempre com uma postura correta, Fernanda Montenegro falou sobre sua carreira, sua família, seu companheiro durante 60 anos ( Fernando Torres ) e falou sobre as pessoas que desejam seguir a carreira de ator e atriz: “Eu, geralmente, quando me perguntam: o que que você diria para um ator que está começando? Eu sempre digo: desista.” 

 Sobre como é  fazer teatro hoje, ela afirma:
“Hoje em dia, o que você fizer, você tem que passar pelo crivo estatal, a cultura está absolutamente nas mãos do governo (...)”
Sobre a beleza das mulheres, Fernanda afirma:
“(...) deformá-la é uma ilusão. Vamos dizer que eu agora fizesse uma plástica extraordinária, eu ia ter 70 anos. (...) E tem uma hora que não adianta costurar, mas também não sou contra quem faça. (...) Na verdade, também, eu nunca fiz a minha vida profissional pela beleza, aliás eu sempre me achei mais pra enfezadinha do que pra beleza. Nunca fui um tipo de beleza, eu sou de uma geração de mulheres deslumbrantes, então não adianta eu fazer esforço (...)”.
Percebemos também que a paixão maior de Fernanda é o teatro, são nos palcos de madeira que ela se realiza profissionalmente e pessoalmente:
“Quando você faz televisão ou cinema você se vê, e você às vezes diz assim “aquilo era melhor e ele não pôs, não escolheu... como, ele fez em close mas era tão bonito aquilo em long shot (...) a opção é de terceiros para montar a sua figura”, ou seja, a TV e o Cinema limitam o resultado das interpretações dos atores, sempre haverá um corte, ou uma música de fundo, ou uma lágrima falsa colocada às pressas para melhorar a cena. No teatro você é mais livre, você é o seu produtor, como no caso de Fernanda. Atores e atrizes como ela, não nasceram para serem aprisionados em gaiolas e limitadas como a TV e o Cinema fazem. 
Ela nasceu para voar, para ser Fernanda por completo, para interpretar e não ser censurada por uma mesa de edição.
O Brasil possui uma safra de atores que nos orgulham, que nos trazem sorrisos e lágrimas, que enchem nossos peitos de emoção a cada interpretação e Fernanda, para mim, é a mestra de todos.
Foi a única atriz brasileira a concorrer ao Oscar ( pelo filme Central do Brasil, 1998 ), vencedora do Urso de Prata ( pelo filme Central do Brasil, 1998 ), recentemente recebeu o Emmy Internacional como melhor atriz pela microssérie Doce Mãe. São quase 50 reconhecimentos, através de prêmios e indicações pelos seus trabalhos no cinema, tv e teatro.
Ainda sobre a entrevista, ela fala sobre as duas mulheres que vivem dentro dela: Arlette e Fernanda, e sobre seu casamento com Fernando Torres, seu parceiro na vida e na profissão e se dirige a ele no presente, mesmo tendo falecido em 2008. Quando indagada sobre a saudade que sente de Fernando, ela responde:
“ (...) no fim de 60 anos, graças a Deus, nós resistimos, graças a Deus, a carnificação deste encontro de uma forma tão apaziguadora, e, portanto, extremamente saudosa, porque... não como Brecht, Nas selva das cidades: “a mocidade  foram os melhores anos da nossa vida” (... ) a mocidade foram os melhores anos de nossas vidas sem que nós tivéssemos consciência, mas, os últimos anos de nossa vida, foram anos de consciência, de um encontro na consciência, e na apaziguação. (...) se a coisa tivesse tido um desenrolar lá, talvez não doesse tanto. Mas o apaziguamento nos tempos finais de uma vida, a caminho do final de uma vida, é muito difícil, não impossível, mas é muito difícil.
Porque na verdade eu estou sempre num diálogo com ele, tal o nosso vício um no outro (...)”.

E essa é Fernanda Montenegro. 










Para quem quiser degustar a entrevista integralmente, segue o link: http://www.youtube.com/watch?v=fZoGVTbqIro


9 de dez. de 2013

Cabelo, cabeleira, cabeludo, descabelada

Na semana em que morreu o ícone da luta contra o racismo, não apenas na África do Sul, mas no mundo, um caso causa indignação.
Em São Paulo, o aluno é discriminado pelo seu cabelo black power.
A escola alega que o cabelo atrapalha os demais alunos, atrapalha o próprio menino, Lucas, e que o menino corria, suava e ficava “pingando”.
O menino pergunta: como que meu cabelo vai atrapalhar aos meus colegas se eu sentava no fundo? Como meu cabelo vai me atrapalhar se ele cresce para cima?
Indagado como ele reagiu quando a diretora o chamou na sala dela para reclamar, ele disse: “Fiquei triste”.
Para um País que tem um dia dedicado à consciência negra, com showns, eventos, palestras, homenagens, notícias como essas estremecem o solo e nos trazem remotas lembranças de uma época que, aparentemente, deixou rastros. 
Pessoas afirmam que o próprio negro tem preconceito com a sua raça, pois em sua maioria, mantém seus cabelos alisados e tingidos.
Quando leio notícias assim, eu consigo entender: o negro deseja ser reconhecido como indivíduo, e quando não é possível, ele se assemelha esteticamente àquele que o manipula: o branco.
Este ano, um neonazista confesso, descobre em rede televisiva, nos Estados Unidos, que 14% do seu sangue é negro.
Como reação ele diz: “Espere aí!”.
“Espere aí!” é a interjeição que eu tomei para mim quando leio notícias como a do  menino Lucas.
A fadiga se apodera da minha mente, as pessoas dão um passo para frente e vinte para trás com atitudes como essa.
Fico aqui pensando: o que a “raça branca”  tem de tão especial que lhe é permitido o direito de escravizar, humilhar, estuprar, manipular a outra pessoa pela cor da sua pele?
O Brasil é um país de pessoas hipócritas, que tentam esconder em discursos poéticos, “compra votos”, o racismo, o preconceito que vem, sim, de berço.
A miscigenação que temos, que poderia ser aproveitada de uma forma sadia, é apontada como deformidade por mentes doentias que padronizaram o homem que não deve ser padronizado.
Obrigar o garoto a cortar o cabelo, alisá-lo e talvez tingi-lo de loiro e colocar lentes de contato azul, impugna o Estatuto da Igualdade Racial.
Sou favorável às cotas, para que assim os negros possam frequentar os mesmos ambientes tomados, em sua maioria, por brancos. Vale lembrar que temos, também, a questão monetária, enquanto brancos podem matricular seus filhos em escolas particulares, proporcionando aos rebentos uma boa formação para ingressarem em boas faculdades, aos filhos dos homens negros, que em sua maioria trabalham para os brancos, para que eles enriqueçam, estudam em escolas públicas de péssima qualidade, e, quisá, possam um dia ter a mesma chance dos brancos. 
A cota vem ser um singelo pedido de desculpas pelo mal causado pelos brancos aos negros, desde o auge da escravidão.
Com essa atitude da escola, percebemos nitidamente que querem,  mais uma vez, excluir os negros do convívio com os brancos, como era feito antigamente, em muitos estados dos Estados Unidos, fato que até hoje traz vergonha e é retratado nos filmes, como é o caso de  “A Vida secreta das Abelhas”, passa-se no estado da Carolina do Sul, no ano de 1964.
A mãe do Lucas foi à delegacia prestar queixa, descobriu-se que não foi uma atitude isolada, e uma ex-funcionária da escola disse que a diretora a chamou, uma vez, de “macaca”.
Hoje a mídia impressa e virtual está em polvorosa com este caso, e amanhã será esquecido. País de memória curta, mas não para o pequeno Lucas:
“Eu até voltaria para a escola com meus amigos, mas sem a mesma diretora”.
Lucas segue com seu cabelo intacto, como deve ser. 

O pequeno Lucas


29 de nov. de 2013

Ponto de Vista

É de conhecimento público que o sertão nordestino sofre todos os anos com estiagem e descaso dos políticos deste País.
Este ano tivemos novamente animais morrendo de sede e os homens sertanejos sem perspectiva de como farão para sustentar as suas famílias. 
 Desde que me entendo por gente eu ouço falar dos problemas sérios que o Nordeste e Norte enfrentam, e muitos estudiosos afirmam que sim, há como salvá-los da seca.
Muitas regiões e cidades são esquecidas por completo pelo poder público.
São tratadas como se não fizessem parte do mesmo país, como se fossem um estorvo, um mau agouro.
Muitos documentários já foram feitos e exibidos, muitas músicas, muitas crônicas e poemas.
Não há interesse, não há comprometimento, não há auxílio, não há mão estendida para parte do nosso povo.
Como se eles tivessem cometido o pecado de terem nascido.
O homem sertanejo não quer esmola, não quer migrar para São Paulo, ele quer ficar na sua terra, cuidar da sua família e tirar seu sustento.
Um mesmo país, mas tão diferente...!
Luiz Gonzaga foi um dos responsáveis por trazer, em forma de canção, as mazelas do sertão. Além das suas músicas que alegram as festas juninas e as danças típicas do nordeste, ele conta como é a vida do homem sertanejo, suas dificuldades, e como ele tenta, a todo custo, trazer de volta sua dignidade há tempos rachada junto ao solo do sertão.
Este capitalismo selvagem que faz das pessoas robôs sem interesse nos problemas de seus semelhantes, principalmente quando esses problemas estão no outro lado do País.
Este capitalismo que constrói estádios dignos de primeiro mundo em Recife, e na cidade ao lado as crianças tomam água com barro misturadas com açúcar.
E os irmãos sertanejos vão definhando e os que sobrevivem mantém a esperança de que o próximo governante olhará para eles com respeito e fará valer sua posição política.
Luiz Gonzaga é conhecido como o rei do baião, mas com sua sanfona ele foi muito além das músicas festivas, trazendo à tona um pedaço do Brasil que precisa ser olhado com respeito e com hombridade pelos políticos. 

Vozes da Seca

Luiz Gonzaga

Seu doutô os nordestino têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão
Mas doutô uma esmola a um homem qui é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
É por isso que pidimo proteção a vosmicê
Home pur nóis escuído para as rédias do pudê
Pois doutô dos vinte estado temos oito sem chovê
Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem cumê
Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage
Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage
Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage
Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage
Se o doutô fizer assim salva o povo do sertão
Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação!
Nunca mais nóis pensa em seca, vai dá tudo nesse chão
Como vê nosso distino mercê tem nas vossa mãos 



20 de nov. de 2013

Doris Lessing

No domingo,próximo passado dia 17, morreu em Londres a escritora Doris Lessing aos 94 anos.
Quando li a notícia pensei : preciso escrever algo sobre ela, mesmo que seja uma pequena homenagem, porém como é difícil falar sobre uma pessoa tão importante no mundo literário!
Doris Lessing foi a pessoa mais velha na área da Literatura a receber um Nobel.
Sua reação foi de aborrecimento e crítica explícita quando foi agraciada com o Prêmio Nobel de Literatura, autora de mais de 50 livros, ela não esperava mais receber tão grande homenagem em uma época tão tardia da vida. Ela afirmou que tinha certeza de que já havia produzido o que havia de melhor décadas antes, e só em 2007 foi premiada.
Ela nasceu na Pérsia, hoje Irã. Mais tarde, foi para Rodésia, hoje o Zimbábue.
Sua maior popularidade aconteceu em 1970 e 1980, quando as obras como: Verão antes da Queda, O Carne Dourado ou a série de ficção científica, Canopus em Argos, alcançaram muitos leitores e foram traduzidos para dezenas de idiomas, inclusive o português.
Ela foi editada no Brasil durante esse período, e suas obras foram republicadas pela Companhia das Letras, nos anos 2000, após a concessão do Nobel.
O Carnê Dourado é tradução para o título da obra com o nome: The Gold Notebook.
Minha opinião: penso que não houve sintonia da tradução, pois O Carnê Dourado, poderia ser “O Livro Dourado”, ou quem sabe “O Caderno Dourado”, ou até “A caderneta Dourada”. Ah!... deixa reivindicar.
O Carnê Dourado faz uma análise da personalidade e da criatividade da mulher, com tom autobiográfico. Podemos considerá-lo como um clássico da literatura feminina.
É uma obra muito emblemática de 1962 e serve como ponto de referência para as feministas.
Doris Lessing foi definida pela academia sueca como uma “narradora épica da experiência feminina”, que com ceticismo e ardor colocou na transparência uma civilização dividida. Sua obra é uma mistura das tensões políticas e sociais do século XX.
Retrata as transformações político e comportamentais, com o papel da mulher na sociedade. O enredo de suas obras como: O Rumo da Esquerda, O Comunismo, O Colonialismo Africano levam a nós, leitores, a experimentar uma mistura de sentimentos a cada página lida.
Doris escrevia muito sobre a vida que teve na África,  foi uma das escritoras  mais influentes do século XX. Participava de muitas campanhas e uma delas foi contra armas nucleares.
Quando há emoção humana, o sucesso é garantido e Doris mexia com as emoções humanas.
Teve grande influência de Charles Dickens e Leon Tolstoy.
Doris Lessing deixou um legado, que jamais morrerá.                                    

16 de nov. de 2013

Imagem do ano


Não, nesta foto José Dirceu não está em campanha eleitoral, está se dirigindo à Polícia Federal para ser preso.
A comemoração se deve a quê, então? ( sabemos )
Nós, o povo (honesto) brasileiro, é quem deveria estar comemorando, mas não estamos pois, com certeza, isso tudo não passará de um embrolho.
Joaquim Barbosa fez a parte que lhe cabia, e o Lula já está fazendo a dele.
Lamentável.

8 de nov. de 2013

Politicamente Correto?


Há pouco li um desabafo de um humorista,disse que fazer humor hoje, é uma das coisas mais perigosas e que, além  disso muito impede a sua criatividade, pelo medo de dizer algo que não é tão” Politicamente Correto” e ter mais um processo para responder.Finalizou a entrevista afirmando ter medo de se expressar em público e quando o faz fica divagando atrás de palavras, analisando-as antes de verbalizá-las. Se há medo há empobrecimento pode-se afirmar :-Há censura.
Lembrei que nem Monteiro Lobato escapou do “Politicamente Correto”. Sua obra de 1933, “As Caçadas de Pedrinho” foi classificada como racista. Será que Monteiro Lobato era racista em 1933? 
Voltando ao texto penso que “NEGRO” não é ofensa. Só vê preconceito nessa palavra quem a lê  preconceituosamente .Vale aqui, uma brincadeirinha : como chamar nossa saborosa nega maluca? –Bolo afrodescendente? Há tantos fatos que não consigo entender, vou citar um exemplo. Não podemos mais usar a palavra “Favela” foi substituída por “Comunidade”,  eu não percebi nada de significativo na mudança de nome, penso que seria mais valioso que se pensasse em melhorias para a favela, o que iria favorecer a todos os moradores. Portanto , viver mal sem infraestrutura, sem organização é politicamente correto e válido?
A expressão “politicamente correto” se firmou na língua inglesa.Nos Estados Unidos tem uma força tremenda.
No Brasil, o politicamente correto recebeu uma resistência maior devido a famosa cordialidade brasileira.
Será que podemos afirmar que ser politicamente correto se transformou em um jogo de poder de certos grupos para atrapalhar ou lançar medo? Ou até baratear um debate, uma conversa, uma palestra? Pessoas envolvidas  necessitam de mais tempo para pensar no que vão falar, pois hoje, a maioria das pessoas se ofende por qualquer bobagem  e há ainda o medo de ferir algum grupo e a seguir o medo de ser processado.E, hoje, processa-se por qualquer banalidade.Existe também o risco do politicamente correto na mídia,pois diminui o impulso de se pensar livremente, e isso agride a liberdade das pessoas .Parece que temos que ter o tempo todo, permissão para pensar .
Será que ser “Politicamente Correto” é só dizer o que o outro quer ouvir?
Ser politicamente correto ou ser alienado?
Jô Soares disse:
-“Só quem tem que ser Politicamente Correto, no Brasil são os políticos.” 

31 de out. de 2013

Hospital Psiquiátrico de Barbacena - MG


Confesso que não conhecia este lado do Brasil.
Não por ingenuidade, apenas achei que as barbáries feitas pela ditadura militar já foram suficientemente monstruosas, e nada se igualaria a ela.
Mero engano.
Após assistir a reportagem na TV Record, a respeito do Hospital psiquiátrico de Barbacena, Minas Gerais, fui atrás de mais informações desta época que foi totalmente ignorada, principalmente por aqueles que ajudavam para que ela existisse: os pais e parentes dos internos.
Na época foi feito um curta para denunciar, ou relatar, como era por trás dos muros do Hospital. O curta chama-se “Em nome da Razão”, feito em 1979.
Nele encontramos personagens curiosos, que demência nenhuma demonstram ter. Pelo contrário, por vezes pensei que a “louca” era eu.
Nas livrarias podemos encontrar o livro da jornalista Daniela Arbex, “Holocausto Brasileiro”, que narra, em suas páginas, maiores detalhes destes personagens privados de tudo, principalmente afeto e amor.
Após assistir ao documentário, ler o livro, a sensação de um vazio imenso é inevitável. Quantas pessoas perderam suas vidas dentro de muros cinzentos, sem ao menos saber pelo que estavam pagando?
Apontamos os dedos para o vizinho, que ele foi o “demônio”, como pode um homem ter feito “tudo isso”? “Era um verdadeiro monstro este Hitler!”
Sem tirar a culpa de um ou de outro, mas... e o que foram os políticos, as famílias, os médicos, as enfermeiras, desta época, que foram por vezes coniventes com este episódio sombrio e sádico do nosso País?

Abaixo, o documentário dirigido pelo mineiro Helvécio Ratton: 


26 de out. de 2013

Proibir ou não proibir? Eis a questão.

A literatura está vivendo um momento peculiar no Brasil.
O tema da vez é a proibição de biografias não autorizadas pelo biografado ou familiares.
Em 2011 foi criado pelo deputado Newton Lima ( PT – SP ), um projeto de Lei que autorizava a publicação de biografias sem consentimento prévio do biografado ou de seus familiares.
Pois bem, em 2013, o grupo de cantores: Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque, encabeçado pela empresária, e ex mulher de Caetano Veloso, Paula Lavigne, criaram a associação Procure Saber, justamente para contestar esse projeto.
A polêmica foi iniciada no ano de 2007, pelo cantor Roberto Carlos, que acionou a justiça e proibiu a circulação da sua biografia “Roberto Carlos em Detalhes”, fazendo a editora Planeta “correr” pelas livrarias Brasil afora recolhendo todos os exemplares.
Confesso que não sei se sou contra ou a favor.
Penso que a biografia é uma forma de homenagear o biografado, desde que não aborde temas que acarretem problemas ao biografado.
O autor tem que saber separar o artista da pessoa, e que a pessoa envolve uma família.
Muitos extravasam e entram na vida pessoal, deixando muitas vezes de lado o artista que é representado.
E é quando há este extravaso que temos problemas.
E é neste ponto que o biografado deve agir a favor da sua vida pessoal e proibir sua circulação pelas prateleiras.
A biografia de um artista vem nos trazer todos os lados de sua vida: pessoal e profissional. Muito mais a pessoal, que é o que “vende mais”. 

Aí é que temos o problema gerado: até onde o autor tem o direito de entrar na vida de um artista, às vezes como “um furo de reportagem”, ou agindo como um paparazzi apenas para saciar o lado sádico dos leitores?
Que direito temos  nós de expôr momentos da vida de outro sem o seu conhecimento? Às vezes um passado que o próprio artista queira esquecer, e que o autor irá escrachar em páginas e mais páginas.
Não sou a favor de adentrar na intimidade da pessoa por trás do artista sem seu consentimento.
Porém, uma biografia supervisionada pelo biografado talvez não seja tão interessante pois será pura demais, perfeita demais, lúdica demais.
Deve haver uma dosagem, deve haver mais debates a respeito para se chegar a um acordo comum e inteligente, e que traga bons frutos para todos.
E, quando findar a discussão, seja o resultado que for, não agradará a todos.


22 de out. de 2013

Ah, se o mundo inteiro me pudesse ouvir!




 Os veículos de comunicação comemoram o centenário de Vinícius de Moraes.
Personagem único, cujas obras falam por si: Tarde em Itapoan, Minha Namorada, Eu sei que vou te Amar, Garota de Ipanema, Chega de saudade e tantas outras.
Não há dúvidas, mesmo para os críticos mais severos, que Vinícius foi um artista completo.
Assim como tantos outros de sua época.
A questão preocupante, hoje, é: e amanhã?
Parafraseando a música “O amanhã”: “Como será o amanhã? Responda quem puder.”

Eu sou fã confessa da cantora Alcione, minha mãe, como tantas, do Roberto Carlos, além das interpretações magníficas que ambos têm nos palcos, nos discos, o respeito com o público é notório.
Tenho amigos que são fãs de Daniela Mercury, Wando, Ivete Sangalo, Zeca Pagodinho, Nando Reis, Tim Maia... ou seja, cantores que surgiram na década de 80, ou mais.
A geração de hoje só conhece boa música quando buscam, com seus pais, tios ou primos mais velhos, LPs ou CDs com músicas remasterizadas.

Não sei o que sobrará para as próximas gerações, músicas como Quadradinho de oito, Show das poderosas, Red Bull e Whisky e tantas outras letras tão pobres e promíscuas, que Vinícius reviraria-se no caixão. 

Esta é apenas a ponta do iceberg, de um País cuja educação está quase em último lugar da lista mundial, que seus políticos são um dos mais corruptos do Planeta, que a impunidade lidera o ranking, que a Copa do Mundo deixa o povo acéfalo.
Pessoas que lotam shows para ver meninas semi nuas em coreografias sensuais, ou cantores que se vestem como se com pijamas amassados, cuspindo letras racistas, homofóbicas, com teor ideológico duvidoso, incitando a violência.
Não quero com este texto dizer que as pessoas devem se massificar, e todos, a partir de agora, deverão ouvir apenas os cantores que citei acima, não é nada disso.
Bom gosto, bom ouvido, vem de berço.

Não são textos que farão a revolução que este país precisa.
O Brasil precisa acordar, está sendo massacrado por cultura inútil, por esgoto escoando por todos os tipos de mídia.
Hoje em dia é notório que para estar no “meio” tem que pagar, não importa seu talento.
Seja em uma rádio do interior, seja num programa como Fantástico. O que muda é o público alvo e o dinheiro investido.
Daí programas como In Voice Brasil servirem apenas para alavancar audiência da própria emissora no horário, e angariar patrocinadores.
Afinal, o que ocorreu com a cantora que venceu a primeira edição?
Talento este país tem, talento leia-se aqui: coisas boas.
O problema é que coisas boas não vendem, não rendem shows e nem bilheterias astronômicas como a tal da Anitta, a moça sensação do momento.
Bons tempos, Vinícius... em que o público era seleto, e não aceitava qualquer porcaria.
Hoje apenas a saudade, as mesmas músicas de antigamente tocando em meu aparelho de som.
Busco no Youtube videos daquele tempo em que tudo era feito com capricho, com inteligência... em que músicas levavam, às vezes, um ano para ficarem prontas.
A cultura lixo só vende porque há um público de consumidores
fiéis, cuja ascendência é aplaudida de pé pelos políticos deste país.




Fotografia

Tom Jobim

Eu, você, nós dois
Aqui neste terraço à beira-mar
O sol já vai caindo e o seu olhar
Parece acompanhar a cor do mar
Você tem que ir embora
A tarde cai
Em cores se desfaz,
Escureceu
O sol caiu no mar
E aquela luz
Lá em baixo se acendeu...
Você e eu
Eu, você, nós dois
Sozinhos neste bar à meia-luz
E uma grande lua saiu do mar
Parece que este bar já vai fechar
E há sempre uma canção
Para contar
Aquela velha história
De um desejo
Que todas as canções
Têm pra contar
E veio aquele beijo
Aquele beijo
Aquele beijo

Quadradinho de Oito

Bonde Das Maravilhas

O bonde das maravilhas é a nova sensação,
E pra começar chama a Karol do popozão
Cola a bunda no chão vai, cola a bunda no chão vai
Cola a bunda no chão vai
A pedido dos novinhos ela vem representando
Vem Thaysa maravilha bum bum bum girando
Bum bum bum girando bum bum bum girando
A Katy no aquecimento ela vai te hipnotizando
Vem a Katy maravilha deslizando, deslizando, deslizando

As irmãs metralhas vem lançando um jeito novo
Fica de pernas pro alto faz quadradinho de oito
Faz quadradinho de oito faz quadradinho
Faz quadradinho faz quadradinho de oito
Faz quadradinho de oito...

19 de out. de 2013

Além...

... toque meus dedos
Leve-me daqui
O céu é apenas o nosso começo
Alcemos o voo
Vamos em busca do que nos faz bem
Nada de impunidades ou castigos
Apenas a distração final: seus olhos
Talvez eu siga este caminho, pois sinto-me bem com você
E, quando o final se aproximar, não terei medo
Pois você estará comigo
Este é apenas o começo, seus dedos entrelaçados aos meus
Seus braços abertos
O vento nos leva por entre as nuvens
As estrelas brilham
O meu melhor ainda está por vir
As correntes foram quebradas
Não estou mais presa àquela cama, você me resgatou
E me trouxe ao paraíso
Sinto-me livre, e quero recomeçar
Quero retomar a minha vida, a minha verdadeira vida
Deixada há anos
Não há mais regras, não há mais erros, não há mais torturas
A vida apenas começou, retomada do ponto em que a deixei para apreender
E agora estou de volta, meu lar, minha vida retomada

Agora vivo em paz.

16 de out. de 2013

Dica de Passeio: Santuário da Mãe Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt


“ Além do horizonte existe um lugar, bonito e tranquilo...”


Parafraseando a música de Roberto Carlos, posso lhes dizer, meus amigos, que este lugar existe, sim, e é em Curitiba.

Chama-se Santuário da Mãe , Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt. Localizado no bairro Campo Comprido, o local emana paz.

Jardins bem cuidados, flores das mais diversas espécies, cascata e músicas reproduzindo os sons da natureza, convidam-nos para meditar, para encontrarmos a paz.

Não há como não sentir as boas vibrações, em cada pedaço do Santuário, em cada som dos pássaros, das folhas que se movimetam conforme o vento as toca.

O Santuário descende do Movimento Apostólico de Schoenstatt, faz parte da Obra Internacional de Schoenstatt, fundada pelo Pe. José Kentenich em 18 de Outubro de 1914, em Schoenstatt, na Alemanha.

 O ato da Fundação é a Aliança de Amor, selada pelo Pe. José Kentenich juntamente com um grupo de seminaristas pallottinos convidando a Mãe de Jesus a estabelecer-se numa Capelinha e fazer dela um Santuário de graças, de onde partisse um movimento de renovação religioso e moral para mundo.

O Santuário dá certo todos os dias, quando o visitamos e nos deparamos com adultos e crianças percorrendo todo o espaço, seja nos gramados, seja na singela Capela construída conforme padrão original na Alemanha.

Pessoas “disputam” espaço na Capela para chegar mais próximo à imagem de Nossa Senhora, e ali orar, pedir, agradecer, ajoelhar-se diante da Mãe e entregar-se.

No pequeno altar, há uma urna para que possamos fazer nossos pedidos e depositá-los sob a proteção de Maria.

Neste “pedaço do céu” não há tempo, não há espaço, os olhos se perdem na vastidão da natureza que impera.

E não importa quantas vezes você já o visitou, sempre é como a primeira vez.

A estrutura recebe bem os visitantes, tendo um local para fazer a refeição, banheiros e uma loja de souvenirs. Para que levemos um pedaço de amor e paz conosco.

No final da tarde, o Padre nos convida à missa, que se dá em outro espaço, para que todos possam participar.

A entrada é gratuita, e notamos o respeito das pessoas pelo lugar que é para todos.


“Além do horizonte deve ter, algum lugar bonito para viver em paz”...


... e no Santuário da Mãe você identifica este lugar.


* Algumas informações foram retiradas da página oficial do Santuário.


































A carta que nunca chegou

    Tarde cinza, vento forte fazia os galhos das árvores dançarem no jardim. Eu precisava finalizar a mudança que começara há dois anos,...