31 de ago. de 2014

Pouca coisa parece ter mudado

Gregório de Matos, poeta brasileiro, nasceu em Salvador/ BA em 1623.
Era conhecido como o "BOCA do INFERNO", ele foi um poeta que usou seu talento para denunciar a corrupção, incompetência e arrogância dos governantes.É interessante conhecer as obras dele, pois ele batia de frente com os maus políticos, não poupava ninguém.Gregório viveu no período conhecido como Barroco, ou Seiscentismo, é constituído pelas primeiras manifestações literárias genuinamente brasileiras.
Por ele não poupar ninguém foi perseguido pela autoridades, foi degredado para Angola em 1694.
Ao lermos com mais atenção seu trabalho na Literatura, notamos que seus poemas são atemporais, pois cabem certinho nos dias de hoje.
Registro apenas um soneto de Gregório de Matos para conhecermos o seu trabalho em relação à sociedade da qual ele fazia parte.



Soneto A cada canto um grande conselheiro, Que nos quer governar cabana, e vinha, Não sabem governar sua cozinha, E podem governar o mundo inteiro. Em cada porta um freqüentado olheiro, Que a vida do vizinho, e da vizinha Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha, Para a levar à Praça, e ao Terreiro. Muitos Mulatos desavergonhados, Trazidos pelos pés os homens nobres, Posta nas palmas toda a picardia. Estupendas usuras nos mercados, Todos, os que não furtam, muito pobres, E eis aqui a cidade da Bahia.

25 de ago. de 2014

Olhar diferente.

Precisamos ter o hábito de muitas vezes pararmos para fazermos algumas reflexões.Sempre afirmamos que trabalhos desenvolvidos em todas as áreas nunca são perfeitas.Um grande exemplo é o que acontece na política, será que nada restou do que foi feito, pelos governantes anteriores? Será que todas as ações desenvolvidas por aqueles que estavam no poder foram inúteis? Cada vez mais verificamos projetos excelentes, mas que para o próximo governo nada vale a pena continuar.
Já sabemos de cor e salteado o que acontecerá quando cada candidato apresenta seu plano de governo, ele simplesmente vai mudar tudo, fazer do jeito dele. E lá vai mais dinheiro.
Refletindo mais, até  nossas vidas parecem nunca estar de acordo com o que queremos, realmente.Por que não parar e ter um olhar mais amplo para tudo que nos rodeia? Ontem, em viagem tive muito tempo para refletir, admirar a natureza, a qual vi com olhos coloridos. Sim, coloridos.
Lembrei de um filme, ao qual assisti há algum tempo, onde o artista plástico   pergunta a um menino:

-Que cor é o céu? 
-Azul - responde ele.
E aí, começa uma calorosa discussão e o artista plástico explica que o céu possui muitas cores e, pediu para que o garoto encontrasse mais cores, no céu. Com essas lembranças procurei me concentrar na paisagem que ia passando diante dos meus olhos.Percebi que o verde da natureza possui muitos tons, tanto da cor verde como as tantas outras que fazem a beleza até de um galho seco, vi que nas árvores há até a cor rosa, isso sem falar das flores, pois aí, teríamos que ficar escrevendo além do tempo.
A viagem prosseguia, uma música de fundo e, eu ia delineando tudo em minha mente. Fiquei pensando, será que perdemos toda a sensibilidade? Tanta beleza com a qual Deus nos presenteou e, às vezes nem as enxergamos .
E, assim ocorrem com as nuances em nossas vidas, há muitas rupturas em nossa maneira de viver e por isso,
nos sentimos só, tristes, ansiosos, estressados por não aprendermos a parar um pouco para respiramos com calma e admirar a obra de Deus.Precisamos aprender a ver com os olhos da alma, o tempo todo e sermos coloridos de felicidade .
Penso que a minha reflexão fez com que a viagem fosse muito tranquila.
Não devemos viver encarcerados em uma vida sem cores, basta ir buscar na natureza. 

17 de ago. de 2014

O último adeus

Por uma distração de Deus, talvez, pudemos acompanhar nos noticiários a morte de algumas celebridades. Não por serem celebridades, apenas, mas pelo bem que elas faziam.
Uma das mortes que mais me afetou foi a do ator Robin Willians, não desmereço as outras, mas por eu ser cinéfila, senti que perdi um amigo que me alegrava e me emocionava nas telas.
Fico aqui pensando, sem julgar, mas não consigo achar respostas para a morte tão prematura de Robin. Um ator tão carismático, um ser humano fantástico. Em algumas das histórias que falam a seu respeito está a de uma menina com câncer em fase terminal. O sonho dela era conhecer Robin. Quando ele soube, sem pensar duas vezes, cancelou toda sua agenda, pegou o primeiro avião e foi até ela. 
Pessoas boas não deveriam morrer, não tão cedo.
Não sou médica, mas já li em vários artigos que a depressão é considerada doença e deve ser tratada. Além do problema com o alcoolismo, ao qual Robin estava, aos poucos, se desvencilhando, a depressão abocanhou sua alma sem piedade. E, a única saída que ele viu foi a morte.
O final que Robin teve, que me pegou de surpresa, e pegou a milhares de outras pessoas, fãs ou não, fazem-me pensar  se não havia ninguém ao lado dele que pudesse pegar em sua mão e dizer: eu estou aqui, meu amigo, com você, não desista.
Deus estava com ele, com certeza mandou anjos para protegerem, mas, no momento da angústia e tristeza, ele não percebeu. Muitas vezes Deus precisa materializar Seu amor e cuidado, para que as pessoas não cometam atos cruéis contra si próprias.
Se eu pudesse falar com Robin, hoje, eu diria apenas: venha aqui meu amigo, você precisa de um abraço. Você é muito amado por milhares de pessoas e precisamos da sua alegria nas telas, da sua sensibilidade como artista. Por favor, não nos deixe. Sim, eu acredito que o amor ou a ausência dele causa doenças.
Mas Robin se foi, assim como muitos outros... e assim como muitos outros irão. 

Puro egoísmo, mas eu não estou pronta para ver quem eu amo ou admiro partir. Pensar que nunca mais os verei ou tocarei ou falarei com eles, dói.
É fato que você começa a morrer no dia em que nasce e que tudo tem seu tempo para começar e acabar. Mas eu não apreendi a aceitar a perda, talvez por imaturidade espiritual, mas eu não aceito que pessoas boas saiam da minha vida, desse mundo deixando um espaço vazio jamais preenchido.
Talvez, a única explicação que consola o meu coração, nesse momento, é que Deus precisa de pessoas boas ao Seu lado para ajudá-Lo a cuidar de nós, que aqui ficamos. 




9 de ago. de 2014

Dia dos pais!

O Naco de Prosa homenageia a todos os pais, aqueles que realmente cumprem com seu papel de educador, provedor, protetor e demais funções que cabem a um pai que realmente aceitou e leva a sua missão a sério.
Agora a minha missão é difícil, falar sobre o meu pai. Difícil, porque ele foi um pai exemplar, com certeza o melhor pai que Deus escolheu para me ensinar sobre tudo. Sempre fui sua fã e ele o meu herói, levantava sempre muito cedo, pois o trabalho o esperava e ele sempre foi muito responsável em tudo que fazia. Millôr Fernandes, dizia:- " Pais e filhos não foram feitos para ser amigos. Foram feitos para ser pais e filhos". Porém, meu pai era um paizão e amigo também, talvez eu nem soubesse, mas ele era amigo. Nas minhas lembranças, sempre muito fortes, busco a imagem imponente do meu pai, sempre alegre, sorridente, pouquíssimas vezes o vi de "cara amarrada". Lembro-me bem de quando ele era mais jovem, bonito, alto,magro, cabelos castanhos, magro, para mim, um perfeito galã, mas o tempo foi dando lugar a algumas gordurinhas, os cabelos ganharam um tom de cinza, mas ele continuava sendo o mesmo paizão.
Ele trabalhava muito e ainda sobrava tempo para ser corredor de bicicleta pelo Havaí Clube.
Pai, quanta falta você nos faz, seu lugar em nossa mesa, sua vida em nossas vidas.
Ele sempre foi um pai presente, era a luz que nos ajudava a encontrar o caminho.
Quanta saudade eu sinto e ela dói, e dói muito. Gostaria de voltar ao tempo para ficar mais um pouco ao seu lado. Milagres existem, mas penso ser muito egoísta querê-lo de volta, talvez por um segundo apenas, segurar seu rosto, ouvir sua voz, saber de você, como anda vivendo. Está difícil continuar a falar sobre você, meu amado Pai.
Ainda lembro, do seu carinho, quando você ia bem quietinho, à noite, cobrir eu e minha irmã que dormíamos no mesmo quarto, o frio aumentava e você ia ajeitar nossas cobertas, penso até hoje, que você se  levantava da sua cama quentinha, para nos cuidar.Você era muito amoroso, enérgico mas carinhoso. Preocupava-se até demais com nossas vidas e nosso futuro.
Dizem que bons filhos conhecem o prefácio da vida dos seus pais, pois eu conheço prefácio, folha de rosto, epílogo e quem sabe cada capítulo da vida do meu querido pai. Sua vida não foi fácil, mas ele estava em pé todos os dias para bater seu ponto no caderno da vida. Em seus capítulos e prefácio não há lacunas, enquanto viveu foi preenchendo tudo e com muita honradez. Era homem de caráter invejável. Ele era um artista, pois sempre trabalhou com entalhes na madeira, fazia móveis que nos dias de hoje, não existem mais. Era um criador, um artesão.
Voltando a falar sobre a saudade, ela dói muito em mim, me faz pequena e muito só. A lembrança dele ficou distante.
Meu querido pai morreu quase que de repente, sem sofrer em um hospital, aos oitenta e poucos anos. 
Fechou os olhos e dormiu o sono eterno.
Saudades de você Hilário Andrucho, meu Pai. 


Meu pai saindo da chácara já com seus oitenta  e um anos.

2 de ago. de 2014

A mentirosa

A mentira sempre existiu. Padre Antônio Vieira ( foi um escritor que viveu no século XVII, quando o Brasil era colônia ), já citava o seguinte pensamento sobre a mentira: "Muito tempo há que a mentira se tem posto em pés de verdade".  

Primeiro, o que é a mentira? É falar ou dizer algo contrário à verdade, é a expressão e manifestação contrário ao que alguém sabe, crê ou pensa.
Parece-me que ficou tão banal, tão fácil mentir, nos dias de hoje, mas podemos observar que ela sempre esteve presente em nossas vidas. 
Se formos analisar estamos vivendo na mentira mesmo inconscientemente. Dá para imaginar quantas mentiras nos contam.
Talvez, você até se convença de que nunca mentiram para você, mas na verdade a mentira anda solta ao nosso redor. 
Hoje, ao sair encontrei uma senhora, boa aparência, muito bem vestida, bem penteada. Falou comigo quando passei por ela, fui educada, parei para lhe dar atenção. Eu, como sempre, estava apressada, pois estacionara o carro distante dali. Mas... parei e perguntei: 
- A senhora me chamou?
- Sim. - disse-me ela.
E começou um discurso maravilhoso, boa dicção, mostrava que tinha um certo grau de cultura. 
Ela me disse que precisava de dinheiro, pois havia chegado de viagem há pouco e fora roubada. Falou-me com tanta meiguice que quase chorei.
Disse-me que não havia comido nada e que estava muito cansada. 
A história foi tão comovente que o objetivo dela quase foi alcançado,  pois eu por pouco não a levei para deitar e descansar em minha casa. 

Ela não parava de falar e fui ficando sem ação. Quase a deixei falando sozinha, mas aí ela começou a chorar. Mostrou-me o braço engessado que estava escondido por baixo de um lindo xale que ela usava. 
Perguntei-lhe: 
- Onde a senhora foi assaltada? 
A cidade aqui é pacata. Não temos muitos problemas com assaltos durante o dia. Comecei a achar que a história daria um ótimo roteiro de filme e quem havia sido assaltada, no momento, não teria condições para tanta encenação e ela estava representando muito bem.
Aí resolvi agir. 
- Senhora, vou encaminhá-la ao albergue que eu conheço, lá vão cuidar bem da senhora, enquanto descansa avisaremos a polícia e a senhora poderá fazer um boletim de ocorrência.
No instante, em que eu disse a última palavra, ela ergueu o braço engessado (o gesso falso caiu) e  começou a gritar comigo.
- Eu não quero albergue, eu quero dinheiro, você tem que me dar dinheiro!
Neste momento muitas pessoas curiosas pararam ao nosso redor, algumas pensavam que eu estava agredindo a "pobre" senhora.  Aí, falei:
- A senhora mentiu que estava com o braço quebrado, mentiu que estava com fome, mentiu que foi assaltada, mentiu, mentiu, mentiu.
As pessoas foram se acumulando, amigos chegando para me ajudar a resolver tão difícil questão. Nem precisei chamar a polícia, pois ela já estava no local.
Muitos policiais procuraram nos arredores por mais alguém pois com certeza, ela não estava agindo sozinha.
Ela entrou na viatura e gritou:
- Sou uma idosa, estou sendo desrespeitada! Quero meus direitos!
Depois que partiram pensei: fui vítima de uma farsante que mentiu descaradamente e se fez de vítima, quando, na verdade, a vítima fui eu.


A carta que nunca chegou

    Tarde cinza, vento forte fazia os galhos das árvores dançarem no jardim. Eu precisava finalizar a mudança que começara há dois anos,...