22 de fev. de 2015

Casamento na roça.

A casa estava com suas passagens congestionadas, apesar de enorme, todos os cômodos  estavam com gente se  vestindo, se arrumando ou apenas descansando.
Era casamento de uma das filhas do casal. Moravam na roça, de onde tiravam quase tudo para o seu sustento, a vida lá era muito árdua. Cada um tinha a sua tarefa, eram em muitos irmãos.
Lídia, a noiva, era a encarregada de ordenhar as vacas, colocar os botijões cheios, na estrada, os quais eram recolhidos e levados à cidade para vender,  em casa era feito o queijo, a manteiga, a nata, os quais eram levadas a cavalo para a cidade onde eram vendidos. Os fregueses eram certos. Soube que muitas vezes de tanto chacoalhar, a nata virava manteiga o que causava problemas, pois muitos estavam à espera da nata, e não da manteiga.
Assim era a vida de Lídia.
Pensava que casando ela iria ter o melhor do melhor, pois iria morar na cidade, pensou nos presentes que iria ganhar, pois haveria uma grande festa, para a qual toda a vila foi convidada. Todos da vila foram ao grande casamento, com seus presentes nas carroças.
Os noivos ganharam porcos, galinhas e até uma bezerrinha a qual, perdera a mãe ao nascer. Pois é, hoje quando somos convidados para um casamento, logo indagamos sobre a lista de presentes. Há uma loja, que os noivos escolhem e lá deixam sua lista. No último casamento que fomos,  a lista estava na internet, escolhíamos o presente e, se aquele já fora comprado, nós não sabíamos, mas fazíamos a compra pelo cartão ( em vezes, é claro rsssssssss) e assim os noivos  escolhiam o que lhes faltava.  Prática boa, não acham ?

Bem, voltemos ao casamento de Lídia.
Os presentes ficaram todos  na chácara onde ela morava com os pais, pois não havia como levá-los na carroça e depois até à cidade, onde pegariam o trem e seguiriam para suas novas vidas.


A viagem foi cansativa, mas quando chegaram  ao destino, o trabalho tinha que ser feito, descarregar, arrumar, lavar, cozinhar. O marido já foi trabalhar, pois já havia deixado tudo ajeitado, ele também era da roça, porém tudo deu errado. Conseguiram outro trabalho em uma fazenda, onde ele fazia o trabalho braçal e Lídia ordenhava as vacas.

8 de fev. de 2015

Ações e reações do cotidiano.

 Fui com minha prima fazer compras, sexta - feira,
 mercado lotado, outra cidade. Ela pegou um carrinho pequeno,  percebi que ela comprara poucos produtos, por isso,  perguntei-lhe:-
-Por que não troca pela cestinha ?
Ela não havia atingido o número de itens permitido, então poderíamos ser atendidas com mais rapidez, porém observamos que a fila pretendida estava imensa, isso porque havia muitas pessoas com carrinhos repletos na fila das cestinhas. Pode? Não! Mas havia mais pessoas nesta fila do que na outra de carrinhos.
No caixa preferencial nem pensar, pois estava desativado e nos demais nem caixas havia.
Comecei a ficar nervosa, pois o desrespeito com os clientes era visível, pensei :- Calma, calma, nada se faz com barulho.
Como educadora sei perfeitamente que a educação deve fazer parte de nossa vida sempre. Para passar o tempo, fiquei olhando a estante de livros, ao meu lado, parece coisa combinada, pois o primeiro livro trazia na capa o seguinte pensamento de Nelson Mandela-"A educação é a arma mais poderosa que pode usar  para mudar o mundo."
Todos, creio eu, sabem  que a educação é que possui o poder de mudar um povo, portanto quantas vezes vimos pessoas consumindo alimentos em lugares proibidos, ou até mesmo no supermercado comem e deixam o resto jogado nas prateleiras, eu no entanto não tomo atitude alguma.
Posso perguntar :-
-Que educação eu tenho, quando deixo passar algo que está acontecendo na minha frente e não faço nada?
Em outros tempos já fui mais afoita e não deixava passar nada . Chamavam -me de "revolucionária", o que me deu muita dor de cabeça, por isso, aprendi a ser mais ponderada, pois os erros por falta de educação sempre vão existir.
Lembro-me de Paulo Freire - " Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda."
Precisamos ser educados para entender sobre cidadania e termos pleno respeito às leis, porém isso não acontece,  porque muitos querem tirar proveitos do que lhes é indevido.
Outros estão preocupados com os "heróis", do BBB, com as fofocas da TV, enfim tudo, menos em educação.
Voltando ao assunto, ficamos na fila por muito tempo, olhei para o lado e vi uma jovem fazendo sinal para uma senhora, que estava  em nossa frente, também na fila.
Acreditem se quiserem, ela chamou a jovem, que estava na outra fila para passar com as compras dela. O carrinho dela estava abarrotado de compras, quando percebi o que iria acontecer, fiquei posicionada onde ela teria que passar, porque a cara de pau veio com tudo. Minha prima não entendeu nada no início, a moça pedia para passar e eu me fingia de surda. Atrás de nós, a fila não tinha fim, as pessoas não falavam nada, mas mostravam no rosto seu descontentamento.
Poxa! Já nem sei onde estava a educação, pois minha prima também é educadora.
Perdi a paciência e olhei para trás e disse:-
-Moça, você não acha que está faltando educação aqui? - Educação para saber que o que você está fazendo está totalmente errado? -Dê uma olhada para trás e veja quanta gente de idade, mães com crianças, inclusive havia um bebê que chorava muito.
Aí, a senhora que a chamou, veio em sua defesa, mas eu continuei, falei com educação e muita calma ( não sei de onde tirei a calma, mas enfim) que se todos agissem assim jamais iríamos melhorar e evoluirmos em educação e respeito, pois falamos em povo educado, mas fazemos tudo errado.
Sabem, ela me pediu desculpas, disse que havia agido sem pensar e confirmava o seu erro.
Pensei :- Consegui !
Em seguida ela passou na nossa frente e foi com seu carrinho cheio.







A carta que nunca chegou

    Tarde cinza, vento forte fazia os galhos das árvores dançarem no jardim. Eu precisava finalizar a mudança que começara há dois anos,...