17 de mai. de 2015

Tempo, tempo

Hoje, visitei um armazém, bem no interior, também conhecido pelo nome de bodegão, bodega, lugar onde antigamente podíamos encontrar de tudo, desde o querosene até o fumo em corda. Lembro com muita saudade do armazém que meus pais tinham no bairro São Pedro. Quem precisasse corda para amarrar o gado, fumo em corda, banha solta, bacias de todos os tamanhos, baldes, doces e margarina para o pão que  vinham em latas grandes, ia até o armazém.No teto ficavam pendurados os baldes, as vassouras, linguiça, toucinho, eram muitos produtos. O cheiro de tudo era muito bom. Era muito sofrido trabalhar ali, mas eu trabalhava, filha mais velha é bem assim. Eu era magrinha, mas fazia todo o serviço que me era destinado. Como eu não alcançava a balança ( que era de colocar pesos em um prato e no outro o alimento ), meu pai colocava uma caixa de velas ( era de madeira ) para eu subir e conseguir pesar. Havia muita rigidez no trabalho. Eu, com meus poucos anos, já conhecia quais os alimentos que deveriam ser vendidos antes, como o feijão, fubá,banana e outros produtos.
Lembro que um dia precisei medir e cortar um metro de corda para um freguês, ninguém me ajudou, penso que meu pai queria me ver aprender e me arranjar sozinha e consegui. 
Aos sábados, eu aprontava quase todos os pedidos que deviam ser entregues em casa. Não havia mercado, nem condução para entregar as compras.
Meu pai tinha uma bicicleta daquelas que levavam carga na frente e atrás, era enorme, mas eu conseguia fazer todas as entregas.
Pela manhã, eu já deixava muitos alimentos prontos, pesados e marcados com um lápis de carpinteiro do meu pai.
Eu pesava muitos quilos de arroz, feijão, sal, trigo, fubá em pacotes de papel grosso e de cor marrom. Posso dizer que eu fui vanguardista, pois naquela época eu já fazia como hoje é nos mercados, bastava pegar o pacote pronto na prateleira. 
Ah! Nós tínhamos uma linda cadela da raça buldogue a qual meu pai fazia-me acompanhar. Sendo assim, eu podia deixar a bicicleta onde o acesso era ruim e ela tomava conta de tudo, até eu voltar com o dono das compras.
Voltando às minhas lembranças vi que, no interior ainda existe a cadernetinha para marcar o que se compra a prazo. Duas, uma para freguês e outra para o dono da bodega. 
Lembro com tristeza, a caixa de cadernetas que ficou na casa dos meus pais, cadernetas cujos donos compraram mas nunca pagaram. 


8 de mai. de 2015

Ser Mãe

Hoje, pela manhã, à espera na fila do banco, ouvi duas amigas que falavam sobre os filhos. Elas os enalteciam tanto que quase interrompi a conversa para falar a respeito dos meus filhos, os quais são maravilhosos. Percebi que não há mãe no Universo que não encontre todas as qualidades para descrever o seu rebento.
Pensei logo, no Dia das Mães, domingo dia 10 de maio. Falar ou escrever sobre elas é repetir frases lindas, feitas e portanto já conhecidas, pois filósofos da antiguidade já falavam sobre as mães.O que mais nos resta repetir?
Uma mãe só passa a existir no momento em que um filho nasce, pois antes era mulher, filha, esposa, mas não mãe. Li em algum lugar algo semelhante ao que escrevi.
São pelos filhos que nos tornamos mães.E tenho a certeza de que todas sofreram, sofrem e sofrerão pelos seus filhotes.Transformam-se em lobas para defender sua cria.
Mas as mães morrem...., não deviam pois são nosso esteio, nosso aconchego nas horas tristes. 
Já dizia Carlos Drummond de Andrade:- 
-Por que Deus permite que as mães vão-se embora?
Elas deveriam ser eternas, pois com elas não há nada de ruim que nos ameace e ela sem medir esforços retira forças do invisível para proteger a sua prole. Todas as mães sabem disso. Nossa Mãe é um presente caríssimo que Deus nos deu.
Percebi que é muito difícil falar sobre as mães, pois elas representam o tudo em nossas vidas e quando ela nos falta nos sentimos sem chão, sem orientação e sem amor, aquele amor incondicional .
Elas são nosso porto seguro em todas as etapas da nossa vida, seremos sempre crianças para ela. 
Já ouviram uma mãe dizer sobre uma filha, que já é casada e tem filhos também?
- Esta é minha menina mais velha.É assim que somos para as mães, crianças crescidas.
Eu ainda continuava na fila do banco e ouvia o quanto as mães falavam a respeito de seus filhos. Percebi que ali, elas estavam falando como todas as mães fariam, pois todas são iguais, só mudam de endereço.





A carta que nunca chegou

    Tarde cinza, vento forte fazia os galhos das árvores dançarem no jardim. Eu precisava finalizar a mudança que começara há dois anos,...