Há
muitos fatos em nossas vidas, que nos levam a sentir tristeza, porém outros
acabam nos fazendo rir, mesmo não sendo a intenção.
Era
finzinho de tarde, coletivos passavam apressados e lotados, Dona Cida, falava:
-
Gente, preciso pegar o próximo ônibus, porque quero escapar da chuva, e
ainda tenho um longo caminho até minha casa. Havia
muitas pessoas nas mesmas condições que ela, o silêncio era assustador, mas
ninguém ousava comentar nada, pois o cansaço era visível em todos os rostos,
alguns olhavam fixamente para o chão, outros verificavam os coletivos que se
aproximavam, na esperança de que parassem para que todos pudessem ir para suas
casas. Nenhum parava, todos lotados, o condutor só fazia um leve aceno com a
cabeça, confirmando a lotação.
Dona
Cida, estava revoltada e começou a xingar em voz alta. Falava até o que não
devia, dava pequenos pulinhos demonstrando a sua indignação contra o serviço
dos coletivos, pois ela jamais conseguira chegar em tempo para jantar com a
filha, que a esperava saudosa.
Cida,
bateu tanto, e com tanta força, a sua sombrinha, no banco, que a quebrou ao
meio.
Foi uma
péssima ideia, pois a mulher descarregou a raiva incontida sobre o pobre
senhor. Ele ficou sem ação e sem argumentos, pois ela nem deu chance para ele
continuar. Os demais passageiros que esperavam pelo ônibus, se posicionaram em
fila para o acesso, no próximo ônibus que se aproximava, a mulher tão preocupada
em reclamar não percebeu a chegada dele. Quando viu era tarde, pois o ônibus
estava lotado e fechara as portas. Cida
tentou atirar uma pedra contra o coletivo, mas o impulso mal dado, fez com que
a pedra caísse logo adiante. O ato agressivo foi criticado pelas pessoas, que
faziam nova fila para embarcarem no próximo ônibus, a maioria das pessoas
ignorava a tal senhora, que mais parecia uma louca desvairada, estava
visivelmente estressada pela correria da vida diária, digna de pena, e tantos e
tantos passam pelo mesmo dilema. Notamos que as pessoas reagem de maneiras
diversas, enquanto Cida mostrava-se agitada e descontrolada outras pessoas
ficavam caladas, introspectivas, remoendo seus pensamentos, lendo ou falando ao
celular.
Passavam
os ônibus de todas as linhas, dona Cida mais calma, percebeu que precisava
ficar atenta para embarcar no próximo ônibus. A fila era extensa, ela ficara
quase no final, pois sua inquietação fizera com que perdesse um lugar mais à
frente.
Calou-se
e seguiu para entrar no ônibus, percebeu que nem todos conseguiriam seguir
viagem, pois o ônibus já vinha lotado, ela ficou posicionada de maneira que
quando as portas se abriram ela conseguiu entrar, passando na frente de todos,
o coletivo seguiu, mas a bolsa dela ficou pendurada fora da porta.
Os
gritos eram uníssonos:
-A
bolsa! Olha a bolsa! Oh, dona, olhe a bolsa!
Infelizmente,
a bolsa viajou assim, até a última parada do ônibus.